3/01/2007

Esperança

E então tudo começa do zero - mais uma vez
Se for parar pra pensar, é sempre o mesmo e o mesmo novamente
Para quem vê de fora, de certo, pois você
Está diferente, você é outro agora
Realmente, não sabe dizer se está mais forte, ou apenas mais cansado
Ao menos não se percebe se é bom ou ruim
Nada é tão valoroso quanto essa semente cultivada
Capaz de te mudar e moldar teus sonhos.
A verdade que você não esperava ver refletida em outros olhos.

2/22/2007

A ponta do Iceberg

Mudanças do clima, mudanças de vida
O Aquecimento Global deixou de ser uma grande ficção científica, de enredos grandiosos, apocalípticos, montados em cima de cenários matemáticos catastróficos.
Hoje é uma realidade.
Existem algumas teorias conspiracionistas dizendo que isso tudo é uma grande piada.
Tem gente que gosta de conspiração.
Eu até entendo, é mais bacana dizer que as pirâmides do Egito foram criadas por ET's do que frutos do suor escravo humano. Quanto vale um homem: seu suor, seu sangue ou suas lágrimas?

Nesse caso, é mais fácil culpar os países interessados na assinatura dos EUA do Protocolo de Kioto, diminuindo assim a sua potência econômica, declinando e trazendo à tona novas economias (vide: A fria perspectiva dos cientistas sobre o aquecimento global e Revista Veja, mais uma vítima do efeito estufa) emergentes, do que nos declarar também culpados.
Eu admito, é tentadora.

Ainda mais quando vemos que na década de 70 houve um surto de "esfriamento global", onde afirmaram que estávamos à um passo de uma nova era glacial. "O mundo está se esfriando, podemos sentir". Semelhante.

O planeta está mudando (e não da forma que Tolkien dissera anteriormente). Deixemos de pensar que somos ilhas e vejamos que somos parte integrante de um grande continente, que está morrendo.

E que com ele nós nos vamos também.
Não falo só do aquecimento global. Crianças matando crianças. Quando uma se vai, vai-se um pouco de nós também. Da nossa inocência; da nossa esperança; da nossa fé na humanidade. Não fazer nada é se perder na imensidão do vazio. O pior: deixar-se levar por isso tudo, apático.

Quando vemos um acidente, de carro, por exemplo.
A primeira reação é a de procurar saber o que ocorreu. Quem estava no meio, quem bateu em quem.
A segunda, se alguém se machucou, se está tudo bem. Polícia por perto, ambulância?
A terceira é de agradecer por não ser com você. Ver se não tem algum conhecido, se benzer e seguir em frente.

Curiosidade; "preocupação" (pra ver se foi com algum conhecido, que importa um estranho?) e egoísmo. Humanidade talvez. Concorda?

Aí é que está a pior parte: um prazer inegável de não ser o outro, de não ver-se refletido na face sofrida, nas mãos calejadas, nas costas marcadas de quem sofreu o acidente.

Hoje, o aquecimento global é uma realidade. Por enquanto, talvez não a sinta tão devastadora.
"Secas extremas, inundações, furacões.." Você sabe que não está certo ver como ficção científica algo que apenas não é a sua realidade.

Isso é só a ponta do iceberg. Aprecie a ironia.

2/17/2007

O Outro Lado da Moeda

O Outro lado da Moeda.

Os remorsos seriam obscenos porque implicam tentativa racionalizante, pouco importa se falha e falida, de negar-se como aquele que teria agido assim ou assado.
A frase-emblema do homem bem poderia ser: “se eu pudesse voltar atrás, faria tudo diferente, ah, não faria aquilo que fiz”. O arrependido tenta desobrigar-se de sua responsabilidade não só perante os demais, mas, principalmente, perante a si mesmo, uma vez que procura negar ser aquele que foi (negação, de resto, absurda, porque impossível).
Sustenta-se na possibilidade de poder voltar atrás e desfazer não só o que fez e disse, como ainda todas as conseqüências (quando essa possibilidade, simplesmente, não há).
Elide os fenômenos da sua história particular, tentando esgarçar e desmontar as relações em nome de um valor superior (aquele no qual pensa só-depois) que, todavia, não existe. O que há é irresponsabilização, se as conseqüências do que fizemos nos alcançam de qualquer modo, indiferentes a que tenhamos “melhorado” nesse meio-tempo, indiferentes às nossas manifestações mais ou menos compungidas de arrependimento.
Se o fizemos, se o dissemos, é porque o quisemos, é porque foi de algum modo preciso, necessário; se o fizemos, se o dissemos, é porque assim mesmo nos constituímos o que agora somos, é porque de algum modo valeu a pena; se o fizemos, se o dissemos, logo, devemos desejar fazer e dizer novamente, celebrando a vontade e o desejo como a essência do que somos.

Na verdade, só afirmando o tempo passado se pode afirmar o passar do tempo. Por isso, o eterno retorno compõe-se dentro de uma doutrina ética que, justamente, celebra a vida.

2/10/2007

Até quando?

Já falei sobre a apatia que rege o nosso cotidiano. Uma apatia a tudo o que nos possa parecer. Foge do calor humano. Da primazia inicial que nos era inata.

"João Hélio Fernandes, de 6 anos, morreu na noite de quarta-feira após ser arrastado por 14 ruas, um trajeto de sete quilômetros que cruzou quatro bairros do Rio de Janeiro. O menino foi levado pelos rapazes que roubaram o Corsa de sua mãe que viu tudo. O garoto ficou preso ao cinto de segurança, do lado de fora do veículo. Durante o trajeto, o menino teve a cabeça arrancada."

É este o mundo que nós criamos? Fizemos à nossa semelhança? Até quando vamos nos chocar com notícias como estas, e então vermos tudo de novo?

Vamos discutir isso?
Você realmente se interessa?

Você tem tempo? Então você é culpado.

Vai esperar acontecer perto de ti, com alguém que você ama, pra se chocar e criar um pseudo sentimento de revolta? Culpado!

Quantas lágrimas mais têm de ser derramadas para percebermos que estamos no caminho errado?

Já parou pra pensar no sofrimento da mãe, que assistiu ao filho sendo carregado 7 quilômetros?
No pai? Que o criou com amor, depositou nele as esperanças e desejos que nele não se concretizaram, porque um demônio roubou o seu bem mais precioso? Que viu a vida desmoronar em 15 minutos?

Perto de sua sepultura, pensamentos foram perdidos, enxugam as lágrimas que caem. Momentos recordados nos olhos de uma criança, voando através das estrelas, sem esconder suas cicatrizes.

Você acha que isso não te atinge, que o problema não é seu? Culpado, culpado, culpado!

Quantos inocentes têm de morrer na fúria de um desalmado para vermos que está na hora de dar um basta? Quem ocupa o trono tem culpa, quem oculta o crime também. Apático então? Culpado! Todos temos um pouco de culpa.

São culpados aqueles que acreditam não fazerem a diferença, que suas pequenas atitudes não resultarão em grandes feitos.

Seu comportamento alienado e indiferente me dá nojo. E esse assunto vai ser esquecido. Antes da quaresma, há o carnaval. E ninguém se lembrará disso. O que não é inesperado. O brasileiro dribla a tristeza e se faz feliz com pouco, mas esquece do que realmente deveria ser lembrado.

Um desalmado é capaz de arrastar seu filho por sete quilômetros até lhe arrancar a cabeça.
Quem dera fosse figura de linguagem.

É hora de parar e repensar a vida. Há tempo de recuperarmos nossa fraternidade?

Temos que ser fortes e estabelecermos limites. Temos que recuperar os valores perdidos em uma sociedade corrompida pela ganância humana, uma sociedade pseudo-moralista, onde o ser humano é o ser mais desumano.

Temos que acreditar que podemos mudar.

1/29/2007

Leonardo procura seus modelos

Leonardo procura seus modelos
(Paulo Coelho)

Ao conceber seu famoso afresco "A última Ceia", Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade: precisava pintar o Bem – na imagem de Jesus – e o Mal – na figura de Judas. Resolveu sair procurando por Milão os modelos que representassem os dois.

Certo dia, enquanto assistia um coral, viu em um dos rapazes a imagem ideal de Cristo. Convidou-o para o seu ateliê, e reproduziu seus traços em estudos e esboços. Antes de o rapaz sair, mostrou-lhe a idéia do afresco, e elogiou-o por representar tão bem a face de Jesus.

Passaram-se três anos. A “Santa Ceia”, que enfeitava uma das igrejas mais conhecidas da cidade, estava quase pronta – mas Da Vinci ainda não havia encontrado o modelo ideal de Judas.

O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressionar Da Vinci, exigindo que terminasse logo o seu trabalho. Depois de muitos dias procurando, o pintor encontrou um jovem prematuramente envelhecido, esfarrapado, bêbado, atirado na sarjeta. Com dificuldade, pediu a seus assistentes que o levassem até a igreja, pois já não tinha mais tempo de fazer esboços.

O mendigo foi carregado até lá, sem entender direito o que estava acontecendo: os assistentes o mantinham de pé, enquanto Da Vinci copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas naquela face.

Quando terminou o trabalho, o mendigo – já um pouco curado de sua ressaca – abriu os olhos e notou o afresco na sua frente. E disse, numa mistura de espanto e tristeza:

- Eu já vi este quadro antes!

- Quando? – perguntou um surpreso Da Vinci.

- Há três anos atrás, antes de eu perder tudo que tinha. Numa época em que eu cantava num coro, e o artista me convidou para posar como modelo para a face de Jesus.

1/24/2007

Sonha!

Sonha esse sonho que pode ser sonhado
Sonha um sonho a dois nunca antes imaginado
Sonha um sonho antigo que tudo pode ser realizado
Sonha que no sonho você possa ser amado

Sonha um sonho de ilusão
Faça ruína o coração
Desbanque a perfeição
Com traços de sem razão

Sonha o que nunca foi sonhado
Não precisa ser idealizado
Também não nasça castigado
Entregue ao descaso fadado

Sonha, e isso é o suficiente
Pra que o ausente se faça presente

1/21/2007

Primeiro Amor

Esconda suas cicatrizes, esconda suas dores.
Sinta a vida pulsando no seu corpo.
Você está indo contra o desconhecido.
Não há caminho de volta.

Voe muito rápido, voe muito alto.
Voe. Liberdade tão sonhada.
E talvez, não tão de repente, nada mais importe.

Essa esperança acima da sua compreensão
é o amor que sonhas há tanto tempo?

Os trovões não cessarão. Feche seus olhos.

Te vejo minha bela, a chorar,
Vejo a dor tomar posse de ti,
A angústia se fazer presente.
Escuto as suas lamentações

Queria proteger-te da maldade que se esconde nas pessoas,
Queria cantar a seu ouvido para você dormir em paz.

Ache uma razão.
Continue sonhando
Busque no peito um coração

1/18/2007

"eu sou só um você
que você não quis
e querer é coisa tão pequena
que só não sou você por um triz"

Dizem que existe o Bem e o Mal. Temos até imagens. Cores. Sonhos. Pesadelos. Vultos. Temos tudo que precisamos. Menos a certeza. Talvez o mais importante. Pra alguns, de certo. Lúcifer é apenas um nome. Não é tão difícil de entender. Somos os únicos a culpar.

Como cegos perdidos no silêncio. Procurando um sentido pra vida, como podem? Marque minhas palavras: Deus abandonou este mundo.

A verdade que você não sabe. Que pertence aos outros. Que também não sabem. Procure ela dentro de ti. Não existe verdade absoluta numa mente consciente.

Guerras. Inocência morrendo na fúria da espada. Castelos de areia. Homens fadados ao descanso. Antes de dizerem suas últimas palavras. Triunfo pros mártires da guerra. Que caem pelas causas dos outros. Valeu o sacrifício?

Heróis morrem agora. Ouvindo o choro de suas mães. Buscando o orgulho de seus pais. O paraíso é uma metáfora. A única verdade que podem abraçar.

Fizemos seus guerreiros. Fizemos seus heróis. Fizemos suas mães chorarem. Defesas, diferenças, diferentes lados.

Quando sua boca está cheia de promessas, tudo que eu vejo é uma mão vazia. O mundo insiste em ainda ser o mesmo. Rasteje por um milagre.

1/15/2007

Primeiro post realmente de 2007.. Vai vir com cara de diário sim.. sabe por que? Porque as coisas mudam.. mudam rapidamente. Uma mudança que você não controla. Você não comanda. Escapa das suas mãos. Como tantas outras coisas. Fogem com o vento.
E quem disse que não é sempre assim? A normalidade, a apatia com que lidamos com o mundo, foge do calor humano que nos pertencia na primazia.
Acidentes, catástrofes, furacões, demônios, dragões, moinhos de vento, arco-íris, sorrisos. Passam pela gente. Nós não nos ferimos mais. Nem nos curamos.
Passamos, inertes ao sofrimento, à dor e à catástrofe. Ao sentimento, ao amor, à ilusão. Ao sonho, ao conhecimento, à liberdade.
Existe um prazer secreto condenado por si mesmo nos acidentes, na dor e no choro. O prazer de não se ver no próximo. De não ser ele. De não sentir as suas cicatrizes, suas mãos calejadas, suas costas marcadas. De não amá-lo e vê-lo sofrer.
As pessoas se condenam. O conhecimento deixa de dar prazer. Mas tudo passa. As pessoas passam. Deixam marcas sim. Esconda suas cicatrizes. Afaste o fardo da vida que você carrega.
Poucas pessoas realmente importam. Menos ainda se importam com você.
Esconda sua dor. Deixe tudo no passado. Assim foi 2006.
Sabe o que eu reparei esse ano?
Sorrisos na chuva que cai. As pessoas, que parecem estar perdidas no escuro, são todas reais. São como eu, como você que me lê agora. São apáticas ao que as convém, são calorosas, são sentimentais. Ser diferente e ser igual a todo mundo foi um paradoxo. Do ano que passou.
O que não pode é ser normal. E se eu fechar meus olhos, posso voar sob as estrelas. Sonhos são sensações que eu posso alcançar. E eu irei, não duvido.
Cante uma canção desconhecida.
Plante mais lembranças da sua vida.
Nada além do Amor é o que parece.

1/03/2007

Por muito tempo
Haviam coisas que eu deveria ter dito
Talvez tê-las dito não mudaria nada
Talvez eu não queira que as coisas sejam diferentes

Só não queria o arrependimento de não tê-las dito.
O que não foi não é.
E realmente não faz mais tanta diferença.

Nos sonhos
Ter asas que não conseguem voar
Para encarar o medo, cheguei a acreditar
Que os dragões eram moinhos de vento

Liberte sua mente
Olhe para dentro
Um novo homem
Dê uma chance

Nunca tinha percebido
Que aqueles vultos no escuro
eram reais

Nunca tinha percebido
Sorrisos na queda da chuva

Essa esperança
Acima da sua compreensão
Será o amor que sonhas há tanto tempo?