1/29/2007

Leonardo procura seus modelos

Leonardo procura seus modelos
(Paulo Coelho)

Ao conceber seu famoso afresco "A última Ceia", Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade: precisava pintar o Bem – na imagem de Jesus – e o Mal – na figura de Judas. Resolveu sair procurando por Milão os modelos que representassem os dois.

Certo dia, enquanto assistia um coral, viu em um dos rapazes a imagem ideal de Cristo. Convidou-o para o seu ateliê, e reproduziu seus traços em estudos e esboços. Antes de o rapaz sair, mostrou-lhe a idéia do afresco, e elogiou-o por representar tão bem a face de Jesus.

Passaram-se três anos. A “Santa Ceia”, que enfeitava uma das igrejas mais conhecidas da cidade, estava quase pronta – mas Da Vinci ainda não havia encontrado o modelo ideal de Judas.

O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressionar Da Vinci, exigindo que terminasse logo o seu trabalho. Depois de muitos dias procurando, o pintor encontrou um jovem prematuramente envelhecido, esfarrapado, bêbado, atirado na sarjeta. Com dificuldade, pediu a seus assistentes que o levassem até a igreja, pois já não tinha mais tempo de fazer esboços.

O mendigo foi carregado até lá, sem entender direito o que estava acontecendo: os assistentes o mantinham de pé, enquanto Da Vinci copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas naquela face.

Quando terminou o trabalho, o mendigo – já um pouco curado de sua ressaca – abriu os olhos e notou o afresco na sua frente. E disse, numa mistura de espanto e tristeza:

- Eu já vi este quadro antes!

- Quando? – perguntou um surpreso Da Vinci.

- Há três anos atrás, antes de eu perder tudo que tinha. Numa época em que eu cantava num coro, e o artista me convidou para posar como modelo para a face de Jesus.

1/24/2007

Sonha!

Sonha esse sonho que pode ser sonhado
Sonha um sonho a dois nunca antes imaginado
Sonha um sonho antigo que tudo pode ser realizado
Sonha que no sonho você possa ser amado

Sonha um sonho de ilusão
Faça ruína o coração
Desbanque a perfeição
Com traços de sem razão

Sonha o que nunca foi sonhado
Não precisa ser idealizado
Também não nasça castigado
Entregue ao descaso fadado

Sonha, e isso é o suficiente
Pra que o ausente se faça presente

1/21/2007

Primeiro Amor

Esconda suas cicatrizes, esconda suas dores.
Sinta a vida pulsando no seu corpo.
Você está indo contra o desconhecido.
Não há caminho de volta.

Voe muito rápido, voe muito alto.
Voe. Liberdade tão sonhada.
E talvez, não tão de repente, nada mais importe.

Essa esperança acima da sua compreensão
é o amor que sonhas há tanto tempo?

Os trovões não cessarão. Feche seus olhos.

Te vejo minha bela, a chorar,
Vejo a dor tomar posse de ti,
A angústia se fazer presente.
Escuto as suas lamentações

Queria proteger-te da maldade que se esconde nas pessoas,
Queria cantar a seu ouvido para você dormir em paz.

Ache uma razão.
Continue sonhando
Busque no peito um coração

1/18/2007

"eu sou só um você
que você não quis
e querer é coisa tão pequena
que só não sou você por um triz"

Dizem que existe o Bem e o Mal. Temos até imagens. Cores. Sonhos. Pesadelos. Vultos. Temos tudo que precisamos. Menos a certeza. Talvez o mais importante. Pra alguns, de certo. Lúcifer é apenas um nome. Não é tão difícil de entender. Somos os únicos a culpar.

Como cegos perdidos no silêncio. Procurando um sentido pra vida, como podem? Marque minhas palavras: Deus abandonou este mundo.

A verdade que você não sabe. Que pertence aos outros. Que também não sabem. Procure ela dentro de ti. Não existe verdade absoluta numa mente consciente.

Guerras. Inocência morrendo na fúria da espada. Castelos de areia. Homens fadados ao descanso. Antes de dizerem suas últimas palavras. Triunfo pros mártires da guerra. Que caem pelas causas dos outros. Valeu o sacrifício?

Heróis morrem agora. Ouvindo o choro de suas mães. Buscando o orgulho de seus pais. O paraíso é uma metáfora. A única verdade que podem abraçar.

Fizemos seus guerreiros. Fizemos seus heróis. Fizemos suas mães chorarem. Defesas, diferenças, diferentes lados.

Quando sua boca está cheia de promessas, tudo que eu vejo é uma mão vazia. O mundo insiste em ainda ser o mesmo. Rasteje por um milagre.

1/15/2007

Primeiro post realmente de 2007.. Vai vir com cara de diário sim.. sabe por que? Porque as coisas mudam.. mudam rapidamente. Uma mudança que você não controla. Você não comanda. Escapa das suas mãos. Como tantas outras coisas. Fogem com o vento.
E quem disse que não é sempre assim? A normalidade, a apatia com que lidamos com o mundo, foge do calor humano que nos pertencia na primazia.
Acidentes, catástrofes, furacões, demônios, dragões, moinhos de vento, arco-íris, sorrisos. Passam pela gente. Nós não nos ferimos mais. Nem nos curamos.
Passamos, inertes ao sofrimento, à dor e à catástrofe. Ao sentimento, ao amor, à ilusão. Ao sonho, ao conhecimento, à liberdade.
Existe um prazer secreto condenado por si mesmo nos acidentes, na dor e no choro. O prazer de não se ver no próximo. De não ser ele. De não sentir as suas cicatrizes, suas mãos calejadas, suas costas marcadas. De não amá-lo e vê-lo sofrer.
As pessoas se condenam. O conhecimento deixa de dar prazer. Mas tudo passa. As pessoas passam. Deixam marcas sim. Esconda suas cicatrizes. Afaste o fardo da vida que você carrega.
Poucas pessoas realmente importam. Menos ainda se importam com você.
Esconda sua dor. Deixe tudo no passado. Assim foi 2006.
Sabe o que eu reparei esse ano?
Sorrisos na chuva que cai. As pessoas, que parecem estar perdidas no escuro, são todas reais. São como eu, como você que me lê agora. São apáticas ao que as convém, são calorosas, são sentimentais. Ser diferente e ser igual a todo mundo foi um paradoxo. Do ano que passou.
O que não pode é ser normal. E se eu fechar meus olhos, posso voar sob as estrelas. Sonhos são sensações que eu posso alcançar. E eu irei, não duvido.
Cante uma canção desconhecida.
Plante mais lembranças da sua vida.
Nada além do Amor é o que parece.

1/03/2007

Por muito tempo
Haviam coisas que eu deveria ter dito
Talvez tê-las dito não mudaria nada
Talvez eu não queira que as coisas sejam diferentes

Só não queria o arrependimento de não tê-las dito.
O que não foi não é.
E realmente não faz mais tanta diferença.

Nos sonhos
Ter asas que não conseguem voar
Para encarar o medo, cheguei a acreditar
Que os dragões eram moinhos de vento

Liberte sua mente
Olhe para dentro
Um novo homem
Dê uma chance

Nunca tinha percebido
Que aqueles vultos no escuro
eram reais

Nunca tinha percebido
Sorrisos na queda da chuva

Essa esperança
Acima da sua compreensão
Será o amor que sonhas há tanto tempo?