2/10/2007

Até quando?

Já falei sobre a apatia que rege o nosso cotidiano. Uma apatia a tudo o que nos possa parecer. Foge do calor humano. Da primazia inicial que nos era inata.

"João Hélio Fernandes, de 6 anos, morreu na noite de quarta-feira após ser arrastado por 14 ruas, um trajeto de sete quilômetros que cruzou quatro bairros do Rio de Janeiro. O menino foi levado pelos rapazes que roubaram o Corsa de sua mãe que viu tudo. O garoto ficou preso ao cinto de segurança, do lado de fora do veículo. Durante o trajeto, o menino teve a cabeça arrancada."

É este o mundo que nós criamos? Fizemos à nossa semelhança? Até quando vamos nos chocar com notícias como estas, e então vermos tudo de novo?

Vamos discutir isso?
Você realmente se interessa?

Você tem tempo? Então você é culpado.

Vai esperar acontecer perto de ti, com alguém que você ama, pra se chocar e criar um pseudo sentimento de revolta? Culpado!

Quantas lágrimas mais têm de ser derramadas para percebermos que estamos no caminho errado?

Já parou pra pensar no sofrimento da mãe, que assistiu ao filho sendo carregado 7 quilômetros?
No pai? Que o criou com amor, depositou nele as esperanças e desejos que nele não se concretizaram, porque um demônio roubou o seu bem mais precioso? Que viu a vida desmoronar em 15 minutos?

Perto de sua sepultura, pensamentos foram perdidos, enxugam as lágrimas que caem. Momentos recordados nos olhos de uma criança, voando através das estrelas, sem esconder suas cicatrizes.

Você acha que isso não te atinge, que o problema não é seu? Culpado, culpado, culpado!

Quantos inocentes têm de morrer na fúria de um desalmado para vermos que está na hora de dar um basta? Quem ocupa o trono tem culpa, quem oculta o crime também. Apático então? Culpado! Todos temos um pouco de culpa.

São culpados aqueles que acreditam não fazerem a diferença, que suas pequenas atitudes não resultarão em grandes feitos.

Seu comportamento alienado e indiferente me dá nojo. E esse assunto vai ser esquecido. Antes da quaresma, há o carnaval. E ninguém se lembrará disso. O que não é inesperado. O brasileiro dribla a tristeza e se faz feliz com pouco, mas esquece do que realmente deveria ser lembrado.

Um desalmado é capaz de arrastar seu filho por sete quilômetros até lhe arrancar a cabeça.
Quem dera fosse figura de linguagem.

É hora de parar e repensar a vida. Há tempo de recuperarmos nossa fraternidade?

Temos que ser fortes e estabelecermos limites. Temos que recuperar os valores perdidos em uma sociedade corrompida pela ganância humana, uma sociedade pseudo-moralista, onde o ser humano é o ser mais desumano.

Temos que acreditar que podemos mudar.

5 comentários:

Anônimo disse...

realmente não existem palavras pra descrever tanta crueldade nessa ato, e agora durge a certeza que existem mesmo pessoas capazes de tudo nesse mundo. foi horrivel e lamentável o que aconteceu, deixando todos chocados e perplexados e com a certeza na cabeça de que amanhã poderá acontecer algo muito pior. Parabéns rapaz pelo que vc escreveu, uma ótima atitude a sua! Abração!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Ótimo texto e comovente...Eu não fiz assim no meu blog talvez eu tenha dado a impressão de indiferença.Mas eu fiquei muito chocado também como todas as pessoas que têm coração e poderiam se imaginar na situação.Mas a única coisa pra mudar isso é fazer alguma coisa para impedir que aconteça mais. A revolta tem que ser em frente a um órgão de justiça pedir punição mais dura.Mesmo por que se reunir na frente da casa do assassino não adianta nada. Porque pelo o que eu tenho visto a sociedade não põe medo em assassino nenhum. Talvez uma pena mais cruel ponha.

Anônimo disse...

eu... fiquei sem palavras... você tem o poder de emocionar, de comover, de tocar

é, talvez seja preciso acontecer com alguém amado por eles, para que eles consigam sentir a indignição que nós sentimos diante desse absurdo que é a covardia e a maldade humana de alguns (ou muitos)

ficou profundo esse engenheiros que você colocou aí.