Aqui dissipa-se o mundo visionário e platônico! Vamos entrar num mundo novo, terra fantástica, ilha Barataria de D. Quixote, onde Sancho é rei! A pátria dos sonhos de Cervantes e Shakespeare! (Álvares de Azevedo)
Em quem Conan Doyle se inspirou para a criação de Sherlock?

Joseph Bell, em uma conversa há mais de 100 anos, citando algumas de suas deduções surpreendentes, ouviu seu amigo exclamar: "O Dr. Bell quase que podia ser Sherlock Holmes."
Ao que Joseph Bell lhe disse energicamente: "Meu caro senhor, eu sou de fato Sherlock Holmes!"
E não mentiu o cirurgião e professor da Universidade de Edimburgo! De fato, Doyle, em sua biografia, confirma que se inspirou em seu professor para criar o famoso detetive, não só no que diz respeito à sua capacidade dedutiva, mas também à sua aparência aquilina.
Joseph Bell, desde criança, em viagens de trem, observava desconhecidos e descrevia hábitos, ocupações, até de onde vinham e para onde iam - sem ao menos ter conversado com eles! Sua família ficava bastante surpresa ao conversar com o estranho e perceber que o jovem na maioria dos casos acertava, como um mágico!
O médico, em seu consultório, antes mesmo de seu paciente se queixar de algo, já fazia o seu diagnóstico, com base no seu jeito de andar, na sua feição e alguns maneirismos. Ele dizia: "A maioria das pessoas vêem, mas não sabem observar".
Em suas aulas, constantemente fazia uso de suas deduções, deixando a turma extasiada, como nesse exemplo:
"Um dia entrou um doente na sala onde eu estava lecionando uma turma de estudantes de medicina. - Senhores, disse eu, este homem foi soldado num regimento escocês, e provavelmente músico da banda. Chamei a atenção dos rapazes para o jeito meio arrogante com que o doente andava, fazendo lembrar os tocadores de gaita de foles; sendo ele de baixa estatura, deduzi que, se era mesmo soldado, fazia parte da banda. Mas o nosso homem afirmava que era sapateiro, e nunca tinha sido soldado.Pedi que ele tirasse a camisa, e no peito nu vi um pequeno D azul, marcado a ferro na pele: era assim que as autoridades costumavam marcar os desertores durante a Guerra da Criméia. O sujeito acabou confessando que tinha sido músico de um regimento escocês durante a guerra. A dedução foi realmente elementar... "
E vários outros exemplos existem demonstrando a grandeza de espírito do médico e as suas capacidades dedutivas, se quiserem saber mais, podem ver em Sherlock Holmes em carne e osso.
Holmes apresenta características bastante semelhantes à Bell, no momento da dedução, como visto aqui, porém a forma às vezes arrogante de Holmes diverge bastante do bom humor característico do cirurgião:
"Um rapaz meio alucinado entra de rompante na casa de Sherlock Holmes e ao anunciar seu nome, John McFarlane, ouviu do detetive esta resposta, dita com sua característica indolência: "O sr. diz o seu nome como se eu tivesse obrigação de reconhecê-lo. Mas asseguro-lhe que alem do fato evidente de que o sr. é solteiro, solicitador, membro da Maçonaria e asmático, nada sei a seu respeito."
Mas para concluir de forma breve o post, nem sempre Holmes conseguia deduzir corretamente em seus casos (mas não da mesma forma que ocorre no livro de Jô Soares: O Xangô de Baker Street), e Joseph Bell não era diferente, como visto no exemplo a seguir:
"De pé ao lado da cama, rodeado dos estudantes, Bell perguntou ao enfermo:
- Diga-me uma coisa: o sr. não é músico da banda militar?
- Sou, sim senhor, confirmou o paciente.
Então o Dr. Bell se voltou muito ufano para os seus estudantes:
- Como vêem, a coisa é muito simples. Este homem sofre de
paralisia dos músculos das bochechas, resultado de tanto soprar nos
instrumentos. Basta a gente perguntar, para confirmar essa conclusão.
E voltando-se de novo para o doente: Ora diga, meu velho, que instrumento tocava na banda?
O paciente se ergueu um pouco, apoiado nos cotovelos, e respondeu:
- Era o tambor"