3/03/2008

Para mim tudo sempre foi um jogo. E o 'tudo' é tão vago quanto o 'nada' - palavras que não se desbravam em folhas amarelas de um dicionário antigo, mas que se renovam a cadamomento -, nem beiram o paradoxo.
E como em um jogoo, todos adquirimos o véu do jogador - um rosto impassível, que não demonstra medos e anseios, receoso de entregar seus segredos e desejos.
Assumimos essa máscara quando nos encontramos passíveis ao erro. Mas não usamos a mesma face o tempo inteiro - uma no sábado de carnaval, outra no domingo de quaresma.
O tempo é uma idéia ilusória. É eterno para os amantes - e nos agarramos ao jogo, com unhas e dentes, raposas descrentes, tigres e moinhos de vento.
Mas não é uma brincadeira sem regras a nossa vida. Elas mudam o tempo todo, às vezes não conseguimos acompanhá-las, tantas outras não queremos.
Não estamos sós. Coexistimos. Nossas cartas podem não ser as mesmas, mas ambos jogamos. E na troca de olhares percebemos a maldade de cigana que cada um esconde em seu coração.
Jogamos. Cada um sentado em sua cadeira aguarda pelavez de descer as cartas à mesa. Quais são os curingas do baralho? Qual é a ordem do mundo?
Quem dá as cartas do jogo? A Casa é mestre no suspense e no sigilo.
Estamos rendidos à dança da solidão, como um barco em alto mar cercado pela tempestade.
Não tenho cartas na manga. Pago os meus pecados por ter acreditado que só se vive uma vez. Blefei. Assim abandonei também o meu troféu e a minha princesa na linha de chegada.
Eu perdi a aposta.

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