2/26/2008

Se o mar virar sertão, o que é que tem?

"O que é a noite para todos os seres, é dia para o homem que consegue vencer a si mesmo" (Paulo Coelho).
Somos tantas possibilidades quantas conseguirmos listar. Mas enquanto no plano irreal, nada somos de concretos. Abstratos, quase sempre idealizados, e raramente é esta a realidade que nos tornamos.

Mas nunca deixamos de sonhar. Mesmo que saibamos quão absurdos são os sonhos, mesmo que não contemos aos outros nem ousemos ser sinceros frente ao espelho. Pois tentar pôr em palavras algo que os impulsos nervosos consideram impossíveis é mais uma frustração que não estamos dispostos a sofrer. Continuamos a sonhar, e por um momento parece verdade, se a gente esquece de acordar.
Pra rir têm todos os motivos, mas os seus segredos vão contar a quem?

Continuamos também a ter fé. Não é um sentimento imutável, com um rosto definido, um altar certo e nem sequer traz certeza alguma dentro de si. Extrapola o paradoxal. Mas quantos atos não são da mesma natureza na vida? Tantas palavras abandonam seus sentidos usuais classificados em um velho dicionário e se tornam contraditórias no céu da boca, sendo mais uma forma de reinventar o céu e o inferno.

Temos fé na humanidade, em cada um de nós, em Deus. A Fé não deve ser creditada a uma instituição, qualquer que seja - deve ser em Deus, uma mesma Mona Lisa pintada por autores diferentes, ao longo da criação. Seu sorriso ainda guarda mistérios, é enigmático a poetas e cientistas, revela suspiros, merece olhares divinos, enquanto de longe mantém todos os segredos como cartas nas mangas, como um bom jogador que inventa as regras, sem dizer se um dia descerão à mesa.

Se não acreditarmos na humanidade, perdemos a crença em cada um. Estamos cansados de ver diversas atrocidades, mas enquanto reclamarmos apenas, ao fim da tarde, sentado em um banco de uma praça qualquer, vendo a vida passar por si, nada seremos além de espectadores, platéia da nossa própria peça.
E perdendo a crença na humanidade, como macro, perdemos em nós mesmos. Esquecemos que temos a força para suportar qualquer adversidade que nos põe em prova, seja para o bem ou para o mal. E se não houvessem tantas pedras, elas seriam mesmo tão ruim?
Pra quê os trilhos se não passa o trem? Melhor é dar razão a quem perdoa, é dar perdão a quem perdeu.

O amor é pedra no abismo, a meio passo entre o mal e o bem. Os mortos sabem mais que os vivos, sabem o gosto que a morte tem. (Zeca Baleiro).

Descubra uma razão, continue sonhando, é tão difícil aprender. É como as ondas - devoram léguas, mas não têm pressa de chegar.

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